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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sabendo um pouco mais sobre a Frequência Cardíaca


Nesta conversa, vou abordar detalhes a respeito dos mecanismos de treinamento, e como os mesmos estão relacionados à frequência cardíaca. A frequência cardíaca (FC), reflete, na forma de um número (batimentos por minuto), o nível de esforço a que está submetido nosso sistema cardiovascular. Como a FC é ativada por mecanismos químicos produzidos pelo corpo e administrados em nosso coração, nem sempre ela corresponde a um esforço muscular real. O que quero dizer é que, mesmo em situação de pouco esforço, ou repouso, a FC pode ser artificialmente aumentada por uma descarga no sangue de algum desses componentes que atuam sobre o músculo cardíaco. Uma situação de estresse pode fazer com que a FC se torne anormalmente alta, mesmo em situação de repouso. Existem outros fatores que causam o mesmo efeito, mas vamos deixar sua discussão para nossos amigos cardiologistas.


O coração é um motor multicombustível completo que, através do sangue, realiza o transporte de oxigénio, dióxido de carbono, hormônios e nutrientes diversos como proteínas, aminoácidos e vitaminas. O nível de intensidade, indicado pela FC, faz com que estas fontes energéticas, usadas para manter o corpo funcionando, se modifiquem, variando os componentes utilizados. Da mesma forma em que motores lentos se utilizam de um combustível mais denso (como o diesel por exemplo) e motores rápidos, de um combustível mais volátil (como a gasolina de alta octanagem), o corpo também emprega mais gorduras quando precisa de um trabalho mais lento e de longa duração (uma caminhada, por exemplo) e faz uso de outras fontes mais rápidas (como os açúcares) quando precisa de mais velocidade e explosão. O que entendemos disso? Que a velocidade e a duração do exercício tem que ser dosados corretamente para que possamos conseguir um bom rendimento durante um tempo prolongado. Ao aumentarmos a intensidade, também provocaremos o surgimento de outros componentes, estes atuando como uma espécie de “freio químico” para evitar que você alcance níveis perigosos para o corpo.


Um dos mecanismos que alerta nosso corpo de quando ele deve “pausar” é o ácido lático, um subproduto da queima calórica a nível muscular, que nos avisa se estamos ou não dentro do limite permitido de exaustão corporal. Esse é um desafio que os técnicos procuram superar em seus atletas: como manter o máximo de intensidade pelo máximo de tempo sem que os atletas sofram lesões durante os treinos, e sem provocar o acúmulo excessivo de ácido lático. E eles ficam buscando formas de enganar o metabolismo (no bom sentido), uma vez que o corpo possui também suas regras e limites, e não é fácil rompê-los.


Sabemos também que, dependendo do grupo muscular principal que estejamos utilizando, o sistema cardiovascular responde de forma diferente. Assim, uma FCmax. para um nadador será menos intensa que para um ciclista. Este, por sua vez, terá uma FCmax. menos intensa que um corredor. Como é que os técnicos conseguem contornar essas coisas? Inventando esportesmultidisciplinares, como o triatlo. Da mesma forma que as regras que administram a FCmax., o acúmulo de ácido láctico também é influenciado pelo grupo muscular empregado.


Aos praticantes que se dedicam exclusivamente a um exercício, vai uma informação importante.


Um grupo de atletas, por exemplo, que pratiquem somente corrida, deixam de exercitar outros grupos musculares importantes. A natureza sempre nos recompensa quando buscamos o equilíbrio naquilo que fazemos. Portanto, os corredores também podem se beneficiar por praticar, dentro de seus planos de treinamento, esportes que utilizem grupos musculares diferentes, como por exemplo a natação ou o ciclismo.


O acompanhamento da FC e a elaboração de planos baseados em percentuais da FCmax. são fundamentais para um melhor aproveitamento das potencialidades musculares disponíveis, além de obter a melhor combinação possível entre o esforço, o repouso, a ingestão calórica e nosso próprio perfil fisiológico. E não esqueçam, finalmente, que o resultado de tudo isso deve ser prazeroso para nós, ou estaremos comprando uma briga muito grande com o nosso subconscientes, que tudo fará para impedir que repitamos a experiência. Mas isso é algo relacionado a “aderência ao exercício”, e nós vamos discutir o tema em outra oportunidade.


Finalmente, não esqueçam que não existem dois corpos iguais, nem dois planos de treinamento. A busca da individualidade nos treinos é um objetivo que deve ser perseguido pelos profissionais que o orientam mas principalmente, é algo cuja responsabilidade maior é sua. Lembre-se disto sempre: você é o principal responsável pelo seu corpo. Não transfira esta responsabilidade a nada nem a ninguém, porque o preço será sempre você quem vai pagar.

massimo freitas

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